Foi Por Você - Capítulo 1 - A mensagem.

07/12/2021

Capítulo 1

Foi por você

Eu nunca fui muito de acreditar em Deus. Quando eu era criança nunca fui levado a nenhuma igreja. Nem tive contato com nenhum um tipo de religião. Minha família não é do tipo ateia, mas também não frequenta nenhuma religião. Meus pais nunca tiveram uma conversa comigo sobre religião. Eu sou ateu. Acredito que tudo acontece por causa das nossas ações, ou de outra pessoa.

Sábado à noite.

Estou voltando para casa sozinho, caminhando de forma tranquila pela calçada. Eu olho para baixo, e vejo um folheto foi por você. No exato minuto que terminei de ler comecei a ter o que chamam de visões. Vejo um homem pendurado em uma cruz, mas uma luz está irradiando dali, então vejo de forma desfocada. Despertei da minha breve visão, ainda estou parada no mesmo lugar olhando para o folheto caído no chão, por algum motivo abaixei e peguei-o.

    | Às 19:58 cheguei em casa. No momento que pisei no tapete da entrada, escuto um barulho -Que acreditei ser um tiro. Seguido por vários outros. Fechei a porta assustado. Tentei acreditar que aquilo não tinham tiros, e que ninguém tinha se ferido. Fui até a cozinha e comecei a preparar o jantar. Aquela frase voltou a reverberar em minha mente foi por você. Eu simplesmente voltei a preparar o jantar.

Às 20:31 a campainha toca, vou apressado abrir. Minha namorada está com uma cara de assustada.

-Oi amor - falo - Por que tá com essa cara de assustada?

-Oi - diz ela me dando um beijo, ela passa pela entrada. - Acabei de passar em frente aquela loja da esquina sabe? - Balancei a cabeça em um sim. Ela continuou - Acabou de acontecer um assalto ali, deve ter ouvido os tiros, duas pessoas morreram.

Eu olhei abismado pra ela que tinha se sentado na cadeira em frente a bancada da cozinha. -Eu acabei de passar por ali - falei -Foi por você - a frase saiu pela minha boca.

-Como assim foi por você? - Perguntou ela abismada.

-Não sei, eu encontrei um folheto escrito isso na rua - apontei o folheto em cima da mesa - Aquele. E tive uma visão da cruz, brilhando como algo muito bom, como se aquilo fosse um tipo de salvação, eu não sei - eu conseguia entender o que tinha acabado de acontecer.

Alicia levantou e pegou o folheto - Mas você não acredita nessas coisas - disse ela.

-Não acredito - falei. - Só estou contando o que aconteceu.

-Já pensou na possibilidade de realmente ter sido salvo? -Alicia acreditava em Deus, mas não ia muito a igreja.

Sempre que eu pensava na violência dos mundos, e nas coisas que aconteciam, eu tinha a certeza que não existia um ser superior que regia tudo - Se existe por que ele não faz nada?

-Você sabe o que eu penso - falei. -Não acredito em seres superiores ou coisa assim. Meu relacionamento com Alicia não era nada complicado. Mesmo ela acreditando em Deus, ela nunca me forçou ou tentou me fazer acreditar.

-Tá - disse ela. - Vamos jantar então?

-Vamos - concordei.

Enquanto estávamos sentados jantando e conversando, uma cena de pessoas com meias-calças na cabeça atirando em um casal, que com cara de assustados, caíram no chão.

-Amor ? - Alicia me fez voltar.

-Ah, o-oi - gaguejei - Desculpa, só estava pensando em umas coisas.

Aquelas visões nunca tinham acontecido comigo, era algo muito real não como um sonho, era mais como se eu tivesse vendo aquela cena de perto.

Eram dez e meia, depois de jantarmos eu e Alicia, estávamos deitados na cama. O abajur do meu lado da cama estava ligado, pois eu estava lendo um livro. Aquela cena me volta a memória - os rapazes com as meias, atirando. Deixei o o livro e peguei meu celular, ao desbloqueá-lo, olho a notificação de uma mensagem você viu isso? Toco em cima da mensagem.

José e sua esposa Marta são assassinados em Curitiba.

Em baixo tem uma foto dos dois em praia. Eu não acreditei quando vi. Um homem de meia idade com cabelo quase grisalho, e um sorriso no rosto, com a mão no ombro da sua mulher, também de meia idade, mas com os cabelos menos grisalhos que o marido. O que eu tinha acabado de ver na minha visão, eram eles. Eu não tinha dúvida alguma, fiquei apavorado com aquilo, acordei Alicia que já estava dormindo.

-Que foi ? -Perguntou ela com voz de sono.

-Amor, olho isso - mostrei a foto do casal a ela.

Ela com os olhos estreitos - O que houve com eles?

-Foram eles que morreram - falei. - E eu te juro, que durante o jantar eu vi os dois, acho que foi aquilo que você fala ... uma visão.

Os olhos dela se abriram - Sério? Você não tá me zuando né? Não é possível que me acordou pra fazer piadinhas sobre a minha fé.

-Não estou - falei. - Te juro. Eu vi dois homens de meia calça na cabeça e armas nas mãos, e os dois com cara de apavorados. Estou exatamente assustado com isso, acho que preciso de um psicólogo.

Alicia me encarou, me fazendo ter certeza que eu precisava ir ao psicólogo. Problema com os pais? Com mortos? Eu não sei.

-Amor - ela falou em um tom gentil - Ir ao psicólogo é uma coisa boa. Mas acredito que se você for - ela deu uma pausa - Não será por conta de uma visão que Deus te concedeu.

Eu não consegui reafirmar a ela que eu não acreditava em Deus - eu tenteei, mas as palavras não saíram. Minha mente e minha boca pareceram não entrar em um consenso.

-Mas eu tenho medo disso - foi o que eu consegui dizer - Me abraça ?

Ela me abraçou - Tá tudo bem - disse ela. - Mesmo você não acreditando em Deus, posso rezar por você ?

Quando ela disse isso meu coração gritou - Sim. - E eu disse em voz alta.

Ela colocou a mão na minha cabeça, e pediu pra eu fechar os olhos. Ela não disse uma palavra em voz alta. Mas quando ela disse -Amem. Eu senti uma paz em mim. Algo que eu nunca tinha sentido.

-Se sente melhor ? - Perguntou ela.

-Me sinto bem de um jeito que nunca senti - respondi.

-Deus te livrou do medo - ela respondeu - Agora vamos dormir.

Ela virou-se para o lado antes que eu pudesse protestar que Deus não existia. Então abracei-a e dormi.

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